O Crente e o Des-cresnte

30/07/2013 09:26

 

 

O crente e o dês-crente

 

Por frater Everaldo scj

 

                Estamos “acostumados” a ouvir dizer que crente é aquele que crê em Deus, quanto a isso não há dúvidas, pois crer em Deus é de fato um ato de fé.

            Há, no entanto, dois tipos de crentes, o que crê porque crer é Dom de Deus – a fé é dom de Deus – e o que diz não crer, mas crê em muito mais coisas – note bem COISAS – do que alimentar em si a verdadeira fé Dom de Deus.

            Existem ainda os dês-crentes, aqueles que não veem possibilidade de um mundo melhor, melhora de vida, um Mundo melhor – ainda que num tempo distante – estes acham-se no direito de denominarem-se ATEUS ou talvez entram em contradição pensando que “apenas” não creem em Deus, mas são capazes de construir um mundo melhor, sendo descrente, neste caso parcialmente, ou talvez devessem ser chamados de crentes em excesso.

            O fato que ainda há os crentes verdadeiros que buscam cada vez mais “exercitar” sua fé, alçando voos cada vez mais altos e fortes, rumo a maturidade de fé, e os que dizem ser crentes e não creem nem mesmo no que é básico do ser humano, crer em si e acreditar que o outro pode ser um irmão melhor.

            Este último de fato poderia ser chamado de ATEU, de descrente ao extremo, pois enquanto os que se denominam ateus não creem em Deus, estes não creem nem em si, nem no próximo. Vivem fingindo crer às vezes até em Deus, mas não creem e tomam decisões baseados na sua descrença interior.

            Exemplifico a diferença entre o crente e o dês-crente: o crente vê sua fé pautada primeiramente em Deus, depois em si, em seus esforços em construir um mundo melhor, tem de certa forma uma “esperança viva” de que tudo vai mudar pra melhor, custe o que custar, e luta por isso com unhas e dentes.

            Este se possui uma laranjeira e as “formigas” atacam ele procura deligentemente saber de onde vem, busca meios para afastar as formigas que destroem sua árvore que no futuro dará bons frutos, o fato de “ver bons frutos” o faz ter paciência e continuar na luta, para “eliminar” o formigueiro com suas formigas.

            O dês-crente é extremamente “radical”, não crendo em si, muito menos no outro, não tem paciência para esperar, entra em desespero, e toma suas decisões pautadas no vazio interior, na insegurança, na “certeza incerta” de que não pode haver mudança, diz ele no seu interior: “Eu espero estar enganado, mas não creio que seja possível”. Então corta a laranjeira, eliminando o alimento e agasalhos das formigas, mas reduzindo a zero a possibilidade de saborear um bom fruto, custa-lhe muito “CUIDAR”.

            Não espera porque quem não crê não espera, quer que tudo seja do seu modo, e seu ponto de vista é o único “correto” é a verdade sob a qual se baseia suas decisões. Por isto mesmo suas decisões provam sua dês-crença, este se possui uma pequena laranjeira não consegue “ver frutos” no futuro, e se as formigas atacam logo tem solução para o problema.

            Ao contrário do primeiro que procura investigar deligentemente de onde procedem as formigas para controla-las e mais tarde colher frutos; conclui o dês-crente, que o “melhor modo” é cortar a árvore, assim as formigas não perturbarão a laranjeira, que certamente não foi ele que plantou, pois sua descrença é demais para praticar tal atitude que de certo modo implica esperança, “sinônimo” de fé, o ato plantar implica a esperança de colher, e de certa forma, quem semeia já “vê os frutos”, esta esperança viva é que o faz enfrentar o labor diário.

            Eliminar a laranjeira é certamente o modo mais rápido, porém não é eficaz, pois eficácia e rapidez não são a mesma coisa.

            Acreditar na possibilidade de melhorar é dar ao outro oportunidade de crescer e mais que isso ajudá-lo a crescer, é sem dúvidas depositar nele e vislumbrar frutos no futuro. Tal qual numa árvore que se planta.

            Assim o crente espera, porque vê já aqui no presente os frutos ou ao menos parte deles, enquanto o des-crente, não vê e prefere eliminar a possibilidade de trabalho, para este último o labor é muito grande para pouca coisa e o futuro é uma miragem, a este importa o Carpe diem.

            Enfim, assim caminham os crentes e os dês-crentes, um vive no presente vislumbrando o futuro – o Crente – outro vive o futuro vislumbrando a passado – o dês-crente.