Mensagem
Mensagem de Natal
Por Frater Everaldo, scj
Amados irmãos e irmãs em Cristo Jesus; Filho de Deus que se fez carne e habitou entre nós. (cf. Jo 1, 1-3). Estamos nos aproximando do Natal e certamente vocês assim como eu também já ouviram alguém dizer ou sussurrar – comentar ainda que não seja diretamente para nós, mas perto de nós, de forma que ouvimos tal frase – mais uma vez é Natal.
Não creio que de fato seja mais uma vez Natal, mas estou convencido de que tenho por pura graça do bom Deus a oportunidade de celebrar uma festa Solene, maravilhosa, que devia inspirar-nos e seremos mais irmãos. Dar mais o perdão, abraçar os irmãos e irmãs, mas como pode alguém abraçar um outro ser, que para eu é tão diferente?
Eu creio e professo como você que somos criados a Imagem de Deus e por isso somos todos irmãos e irmãs, mas diante da realidade em que só os que são “mais espertos” têm êxito. E os que dizem a verdade, devem pagar como malfeitores; como abraçar alguém que ao menos aparentemente não quer o seu bem, o bem ao próximo? (Cf. Lc 10,29).
E muito mais que isso, como poderá eu, um ser, tão limitado, que almeja ser santo e não consegue se quer ser e dar bom testemunho desta meta almejada e no, entanto, ter a ousadia de vir aqui sentar frente a este “velho” computador e escrever algumas linhas para dizer a vós, que não é mais uma vez Natal, mas sim o Natal, que deve ser celebrado durante o ano todo, ou talvez mais ousado ainda dizer que a vida toda, pois se o natal, quer significar “nascimento” estamos sempre nascendo, sempre aprendendo, sempre trocando de células e nosso organismo assim como nosso pensamento vai se “aperfeiçoando” na caminhada com nosso semelhante na contínua Celebração do Natal.
A linguagem humana é por demais limitadas para que eu possa expressar meus sentimentos, de gratidão a Deus por esta dádiva que o Bom Pai, (cf. Mt 19,17), do Céu nos concede a cada dia, e como somos limitados e estamos, ainda que para quem crer apenas biologicamente ligados, presos aos acontecimentos do tempo, senhor da história; condicionados consequentemente a marcar a partir da observação da própria criação espaços de tempo, que julgamos, diante de nossa racionalidade ser mais precioso para celebrar a vida.
Certamente todo momento, em que se respira devia ser um instante de celebração da vida, mas visto que somos mesmos limitados, tenho também que limitar-se a minha pequenez e dizer que não consigo encontrar palavras sabias para desejar-lhes um Feliz Natal, mas espero que nesta festa que chamam de Natal, seja um “tempo” de Graça e de Paz na vida de cada um de vós.
Desejo que ao contemplarem o sorrir ou balbuciar de uma criança os faça notar o que nos diz o salmo oito verso três (Sl 8,3). Pequeninos este que sabemos que não é somente biologicamente, mas aquele que tem sede de Deus deseja de justiça, de muita paz, pois só quem tem real necessidade de justiça clama a Deus de todo coração.
Certamente por compreender isto que Santa Terezinha disse que a verdadeira Oração não nasce de grandes leituras, (cf. Stª Terezinha. Obras Completas. Man. B), mas do coração “vazio” das coisas do mundo, quando se eleva a Deus em puro sentimento de gratidão e humildade. Reconhecendo-se pequeno diante de Deus criador de todas as coisas ao qual ela, Santa Terezinha chama de Bom Deus.
Assim quero e desejo nas palavras de Santo Agostinho desejar que todos vós façais tudo com grade alegria, ainda que seja aparentemente difícil, ser alegre diante das circunstâncias em que a vida se no apresenta, (que o diga eu nesta hora, tempo, nesta vida e circunstância), sei que não é fácil. Mas celebremos e cantemos com alegria, com júbilo, ainda que sem saber o que significa júbilo, do mistério que agora podemos dizer não ser mais mistério e continua mistério do Deus que se fez um de nós e revelou-se mostrando o Pai. “Cantemos com júbilo. Que significa jubilar? Entender sem poder explicar por palavras aquilo que se canta com o coração”. (cf. Santo Agostinho, Ep. 32, II, 1, 8).
Talvez o natal seja de fato isto, celebrar entendendo, sem saber como explicar o que se celebra, creio que esteja eu passando por isso agora tentando dizer o que sinto, mas acabo dizendo apenas palavras soltas, que não traduzem meus sentimentos de Paz e Felicidades que desejo a cada um de vós, irmãos e irmãs em Cristo.
Enfim, diante da limitada expressividade da linguagem, vejo-me como diante de mim mesmo, sem conseguir explicar o que sou eu para Deus, para que Ele se lembre de assim de mim, fazendo aqui minhas, as palavras do Salmo oito. Pois sou tão pequeno, Senhor, e, no entanto, Vós vos lembrais de cada uma de vossas criaturas, ainda que estas se voltem contra vós, sem saberem o porquê de tanto amor que tendes para com elas.
Como cada dia é dia de celebrar o natal, pessoal e juntamente com Cristo que encarnando-se se fez Humano para revelar ao humano o rosto Divino de Deus e o Rosto Humano da humanidade, possamos cada um de nós, e sobretudo, vós ter em vossos corações a esperança e a certeza de que uma prova de que Deus nos ama, não é o fato de não cairmos, mas a possibilidade de levantarmos a cada queda. (cf. Stª Tereza de Avila).
É por cultivar por vós um imenso amor com que venho escrever estas poucas linhas, pois como diz Santo Agostinho, mesmo cansado dos trabalhos e estudo não posso esquecer-me de vós:
“Quando se ama, um não se cansa, ou se se cansa, este cansaço é amado”. (cf. Santo Agostinho, De Bono Vid. 21, 26). Assim escrever é minha sina, e vós quando me corrigis me ensinas.
Feliz Natal e um Feliz Ano Novo a cada um de vós. “Verbum caro factum est, Verbum Panis factum est”, vós que juntamente comigo crês, não deixeis de buscar o Sacramento da Penitência e a Sagrada Comunhão, pois o Verbo se fez Carne, e se fez Pão, e nos espera na Sagrada Comunhão.
Páscoa
Por Everaldo Francisco de Parecido
Uma das coisas que sempre me chamou a atenção neste período pascal é o fato poder reviver a história da Salvação, fazendo memória dos nossos antepassados, sem cair é claro, num culto aos mortos, mas numa celebração da “passagem” (πάσχα = פֶּ֥סַח ); de fato é esta passagem que nós celebramos.
No sábado “Santo” temos várias leituras da Sagrada Escritura, começando pelo texto do livro do (Gênesis 1,1 - 2,2), falando da Criação e culminamos com a leitura do novo testamento. É um dos modos de iniciar com o AT e culminar na plenitude dos tempos, pós-ressurreição, fazendo memória da ressurreição. Certamente a Liturgia pode iniciar com outros textos do AT (sempre relembrando a Passagem do Mar Vermelho) significando e sendo Fe fato a libertação do Povo de Israel escravizado no Egito e culminar com outro Texto do NT.
Enfim não daria pra abordar aqui todos os textos, que me chamam a atenção e sempre me despertaram desejo de conhecer e de celebrar esta memória da nossa Salvação. Começando por nossos pais na Fé e culminando na infinita misericórdia do Amor doação de Cristo; Amor que o levou a amar-nos até o fim.
A primeira citação da Páscoa encontra-se no capitulo doze do livro do Êxodo, mas sabemos que há aproximadamente umas setenta vezes esta palavra na Bíblia, sempre se referindo a Passagem = Páscoa. “Assim, pois o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do Senhor”. (cf. Êx 12,11).
Ora, sabemos e temos a viva esperança de que todos aqueles que viveram as Bem-aventuranças, não morrem, mas entram na vida. Por isso chamamos de Páscoa (passagem) para a vida eterna; passagem para a liberdade plena em Cristo, sobretudo cremos que estes estão com Cristo, pois Ele mesmo nos diz: “eu sou o caminho a Verdade e a Vida”.
Depois nos Evangelhos o próprio Jesus é que diz aos seus discípulos que bem sabeis que o Filho do Homem será entregue para ser crucificado (cf. Mt 26,2). E posteriormente no mesmo livro encontraremos a narração de como se procedeu à celebração da Páscoa e Jesus pedindo, para que façamos isto em sua memória.
Era costume dos Judeus subirem à Jerusalém por ocasião da celebração da Páscoa. Era uma tradição dada por Moisés, ou ao menos atribuída ao tempo de Moisés, que todo Judeu deveriam ir Celebrar a Páscoa em Jerusalém.
Não obstante Jesus era Judeu e sobia todos os anos com seus pais para esta festa da páscoa, embora, não sejamos ingênuos de dizer: ISTO NÂO ESTA RELATADOS NOS EVANGELHOS! Claro que não, o último relato da vida de Jesus entes da narração de seu Batismo é aos doze anos, ritual comum a todo adolescente em Israel, pois se tratava de um rito de iniciação no templo, por isso Jesus aparece em mio aos doutores da lei e Sacerdotes. Mas é possível deduzir que isto se dava todos os anos a partir da leitura de Lucas dois versos quarenta e um em diante: “Todos os anos iam seus pais a Jerusalém à festa da Páscoa”. (cf. Lc 2,41). Certamente Jesus não ficava pra trás exceto, talvez exceto, antes de completar doze anos, pois ainda não era iniciado nos rituais do templo.
Dito isto, quero exortar a todos para participarem da celebração magnífica do Sábado Santo, mas de modo especial de toda a semana Santa, que vai aos poucos nos conduzindo para uma vivência espetacular da memória e mistério da Vida, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.
Estas celebrações sempre me fazem reviver um tempo muito “gostoso” de celebrar em minha vida; pois quando mais novo participava dos teatros/encenações na comunidade, ajuntava cascas de avos pra fazer os recheios com doces de amendoim, etc. Minha mão é que fazia os doces é claro, mas só que tudo mudava o clima em casa, na comunidade, na escola, parecia que de fato era um tempo diferente do corriqueiro e hoje deve concordar que de fato era e é.
Nós é que muitas vezes nos deixamos abater pelas correrias dos afazeres e nem nos damos conta do magnífico tempo de celebração que se aproxima. É neste tempo que sempre conseguimos “voltar atrás”, fazer uma revisão de vida, e retomar o caminho das esperanças, das certezas, das vidas que brotam na comunidade, do ressurgir com Cristo. Nas Palavras de São Paulo diria mais ou menos assim: “Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que seja uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós”. (cf. Hb 11).
Páscoa é enfim tempo de fazer tudo novo e não tudo de novo. Simples, não é? Tão simples que não é fácil fazer e viver este ideal de vida cristã.