O Pai rico em misericórdia
Proclamado pelo Papa Francisco, desde 08 de dezembro, estamos vivenciando o Jubileu da misericórdia. Somos convidados a refletir e agir com misericórdia num mundo onde quase tudo se faz por recompensa, lucro.
Agir com misericórdia é ser capaz de dar sem esperar nada em troca, é fazer por caridade, por amor, é espelhar-se em Cristo e em seus ensinamentos, “quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua direita (Mt 6,3).
Ora, o Pai é rico em misericórdia (Ef 2,4) e tendo outrora falado por meio dos profetas, na plenitude dos tempos falou-nos por meio de seu próprio Filho (Hb 1,2). Assim é o Filho que nos revela a face misericordiosa do Pai, quem me vê, vê o Pai (Jo 14,9). Deste modo imitemos a Cristo que é semelhante ao Pai e seremos verdadeiramente “filhos” do Deus amor.
Naturalmente, agir de misericórdia, num mundo mergulhado no pecado, é um desafio para cada cristão e cristã, mas não esqueçamos que Ele nos amou por primeiro, quando nos também ainda erámos pecadores (1Jo 4,19; Rm 5,8) e assim como diz São Tomás de Aquino que “é próprio de Deus agir com misericórdia” é também próprio de cada um de nós praticar a misericórdia, pois nosso modelo inspirador é o próprio Deus feito homem em Cristo.
Neste tempo quaresmal e oportuno de conversão que estamos vivendo busquemos praticar obras de misericórdia. Cujo sentido encontra-se na pratica da caridade para com todos, lembrando que a caridade e a misericórdia cobrem uma multidão de pecados (1Pd 4,8).
Ousaria dizer que a primeira obra de misericórdia que somos convidados a exercer é para conosco mesmo, buscando o sacramento da confissão e renovando-nos pelo amor infinito do Pai, pois só quem experimenta a misericórdia em sua vida é capaz de entender e praticá-la com o próximo.
E quais são os modos práticos em relação ao próximo? A Igreja nos indica alguns espirituais e corporais. Obras de misericórdia corporais: Dar de comer a que tem fome; dar de beber a quem tem sede; vestir os nus; visitar os enfermos e visitar os presos. Obras de misericórdia espirituais: Ensinar os que não sabem; dar bom conselho; corrigir os que erram; perdoar as injúrias e ofensas; consolar os tristes; sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo e rezar a Deus pelos vivos e falecidos.
Pe. Everaldo, scj
O NOSSO TESOURO É A FONTE DO AMOR
Por Everaldo Francisco de Aparecido
“Meus caríssimos filhos! Deixo-vos o mais valioso de todos os tesouros o Coração de Jesus”. (Pe. Dehon. D. E. scj[1] n° 276).
Início este artigo com uma pergunta: Já percebeste como o Coração é visto como a fonte do amor, da paixão e da vida? Ou seja, aquele que, por assim dizer, a mantém. Visto que é fato que existe morte cerebral, onde o cérebro para reduzindo o ser a um corpo sem raciocínio, incapaz de discernir e identificar as coisas a sua volta. Já as paradas Cardíacas arrastam o corpo todo e o indivíduo morre nada mais funciona se o coração para, pois a “energia da vida” não é distribuída pelos organismos através do sangue que ele o coração bombeia dia e noite.
Aceitando-se, então, que há morte cerebral e o corpo continua vivo, porque o coração não parou continua a pulsar e a “gerar vida”, mesmo que o indivíduo não seja capaz de transmiti-la verbalmente, ainda é capaz de transmitir amor à aqueles que o rodeiam num simples gesto de olhar em coma. Nunca notou isto? Ou será você o único não ter visitado alguém em estado de coma?
Se nunca fez isto, faça e verás como o olhar de tal ser ainda transmite amor. É capaz até de converter alguém que passa alguns minutos ali em sua companhia. Isto não seria pelo fato de que “Deus Caritas Est”?
Compreendendo isto, será de comum acordo aceitar que devido a isto os mais antigos poetas já se referiam a este órgão do corpo humano como fonte do Amor, com frases muito usadas até hoje. Embora tenhamos que admitir que não conheçamos plenamente sua profundidade, seu poder de expressão, como por exemplo: “TE amo de todo meu coração”.
Creio que por ter pleno conhecimento do verdadeiro amor, nascido do coração, que Cristo respondeu: “Amarás o senhor, teu Deus, de todo teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. [2]”Quando lhe perguntaram: “qual é o maior mandamento da lei”? [3]
Há entre nós uma Encíclica que admiro muito, não só pelo título, “Deus Caritas Est”[4], mas pelo teor de seu conteúdo. O autor mereceu ser escolhido por Deus para guiar sua Igreja, que nada mais prega, para dizer em simples palavras, o AMOR mútuo entre os “irmãos em Cristo”[5].
Por isso acredito que se o homem é capaz de conhecer um “pouquinho de Deus” é através do amor, amando-O de todo seu coração nas pessoas necessitadas, no próximo. Até mesmo na natureza, quando a respeitamos e a tratamos como criada por Deus. Aí pode-se ver a majestade de Deus como diz um salmo: “quando contemplo o firmamento, obra de vossos dedos. A lua e as estrelas que lá fixastes[6]”.
Amar a natureza é crer e reconhecer nela o Criador, mas primeiro o irmão que é semelhança de Deus. Assim creio que peca quem trata melhor um cachorro e deixa seu vizinho passando fome. Porque quem faz isto oculta a caridade a serviço do próximo.
Por falar em servir, creio que por isto o Apóstolo Paulo diz que a caridade é o vinculo da perfeição. A caridade só pode nascer do Amor, e a fonte do amor é o coração. O coração é onde Deus habita no homem. Ele, o coração, cheio e amor é o vinculo do homem com Deus.
Por isso na Celebração eucarística o sacerdote diz antes da consagração. “Corações ao alto” e o povo responde, “nosso coração está em Deus”. É preciso que o coração esteja em Deus para que haja este vinculo com o Pai e Ele possa, então, através do seu Espírito transformar o pão e o vinho em Corpo e Sangue de Cristo.
Creio que seja por isto que o próprio Cristo nos diz: “Acumulai para vós tesouros nos céus [...], pois onde está o vosso tesouro aí está o vosso coração”[7]. Ora, se o teu coração está em Deus não tenha duvida de que Deus em ti habita. Não tenha duvida de que por manter em teu coração um vinculo com Deus fará coisas Boas, pois Deus é perfeito e quem está com Ele boas obras faz.
Diz São Paulo: “Caritas est vinculum perfctionis”[8]. Em outras palavras poderíamos dizer o amor, a caridade é o vinculo do homem com seu Criador. E é estando “conectado” com Deus que o homem faz coisas boas.
E São Paulo ainda diz mais exaltando a caridade; “manent fides, spes, caritas tria haec: mejor autem horrum caritas”[9].
Para nós dehonianos isto tem um grande significado, o fato da fonte do amor, da caridade e da vida ser o coração. Pois padre Dehon certamente entendeu o que significa “amar de todo o coração”. Porque ele nos diz no Testamento Espiritual: “com todo o meu coração e em nome do afeto que me dedicastes, peço-vos que façais com que a santa caridade reine entre vós. Não pronuncieis jamais uma palavra de critica ou de azedume um para com outro”[10].
Amemos de todo coração a Deus e aos irmãos e seremos como diz as sábias palavras de Leão XIII: “Este instituto será como um ramalhete de flores para o coração de Jesus, se os seus membros viverem unidos em tudo e dedicados ao Sagrado Coração e se fizerem reinar o seu ardente amor em si mesmos e entre os povos que hão de evangelizar”[11].
Percebeu agora porque o nosso tesouro é a fonte do Amor? Porque o nosso tesou é o coração de Jesus. O Próprio Deus quis assim por intermédio de Padre Dehon que nos disse: “Meus caríssimos filhos! Deixo-vos o mais valioso de todos os tesouros o Coração de Jesus[12]”.
Everaldo Francisco de Aparecido
Terra Boa Paraná – 15 de outubro de 2007
[1] D. E. scj – Diretório Espiritual da congregação dos padres do Sagrado Coração de Jesus.
[2] Cf. Mateus 22, 37.
[3]Cf. Mateus 22, 36.
[4] PAPA Benedictus XVI.
[5] Cf. Cl 1, 2.
[6] Cf. SL 8,4.
[7] Cf. Lc 12 33 -34.
[8] Cf. Col 3, 14.
[9] I Cor 13, 13.
[10] D. E. scj nº 281.
[11] D. E. scj n° 276
[12] Idem.
Santa Terezinha
Santa Terezinha é minha madrinha de Consagração (devoção); segundo meus pais, fui consagrado à sua Intercessão,
quando eu tinha por volta de 5 ou 6 anos.
OBS: Não se deve associar meu encanto pelas rosas com a devoção à Santa.
N.B. Se meu gosto por rosas tem ligação com Stª Terezinha não e de meu conhecimento.
- Embora a fé possa levar a tal conclusão.